segunda-feira, 13 de junho de 2011

Elementar, meu caro Hastings.

Tenho que admitir que andei morrendo de preguiça de postar aqui esses dias. Andei com preguiça e sem tempo também, para falar a verdade. Mas agora que voltei, quero voltar com estilo, e é impossível falar de estilo sem mencionar o fabuloso... esplendoroso... 1,60m de pura graça e inteligência com seus bigodes pretos bem penteados. Isso mesmo, Monsieur Poirot! Tá certo, talvez seja possível falar de estilo sem falar de Poirot, mas me deixem, estou lendo a última aventura de Poirot, "Cai o Pano", como todos sabem, obra de Agatha Christie, tradução de Clarice Lispector. Estou inspirada a falar desse magnífico detetive baixinho e teimoso, 
Hercule Poirot e seu fiel escudeiro, C. Hastings,
na versão  cinematográfica
que durante todo o livro nos faz usar nossa 'massa cinzenta' para tentar desvendas mistérios. E atire a primeira pedra quem nunca tentou adivinhar o final e foi frustrado ao descobrir que tudo que você imaginou que era a solução perfeita para o crime, não passava de mera imaginação. O crime tinha uma solução completamente fora do nosso alcance de descobrir. Perfeito, magnífico. Adoro ser lograda tentando adivinhar os finais esplêndidos dos livros dessa "Dama do Crime", Agatha Christie. Se você nunca teve o prazer de ler nenhuma das aventuras de Hercule Poirot, ah, caro amigo, use sua massa cinzenta e vá correndo procurar um livro para ler! Nada se compara aos mistérios da mente desse gênio, pelo qual eu tiro o chapéu.


"- Você supõe, então, o que eu supus?
- Que X é o assassino? Claro.
- Nesse caso, Hastings, você vai querer dar comigo o próximo passo.
Deixe-me contar uma coisa. X está nesta mesma casa.
- Aqui? Em Styles?
- Em Styles. E qual conclusão lógica se tira daí?
Sabia o que estava por vir quando disse:
- Vamos, diga.
Hercule Poirot disse solene:
- Um assassinato será cometido brevemente, aqui."

Cai o pano - Agatha Christie 

"Hercule Poirot sentia-se morbidamente consciente disso. Sempre fora um homem acostumado a ter uma boa impressão de si mesmo. Afinal ele era, realmente, superior à maioria dos homens em muitas coisas. Naquele momento, porém, sentia-se incapaz de qualquer sentimento de superioridade: era um mortal como qualquer outro, apavorado diante da cadeira do dentista."

Uma Dose Mortal - Agatha Christie

" - Imagino - disse em tom amistoso para Jan - que nunca tenha estado antes em contato próximo com um assassinato, não é?
- Não, não estive - replicou Jan, ansioso. - É muito excitante não é? - Ajoelhou-se no banquinho. - O senhor tem alguma pista... impressões digitais ou manchas de sangue, coisas assim?
- Você parece muito interessado em sangue - observou o inspetor com um sorriso amigável.
- Ah, eu sou sim - replicou Jan, calma e seriamente. - Gosto de sangue. É uma bela cor, não é? Aquele lindo vermelho brilhante. - Sentou-se no sofá, rindo com ar nervoso. - Richard atirava numas coisas, sabe, e aí elas sangravam. É mesmo muito engraçado, não é? Quero dizer, é engraçado que Richard, que estava sempre atirando nas coisas, tenha ele mesmo levado um tiro. O senhor não acha que isso é engraçado?"

O Visitante Inesperado - Agatha Christie


quarta-feira, 1 de junho de 2011

Teu silêncio.


Fazia tempo que eu procurava uma razão pra continuar vivendo
Horas passaram-se sem que eu percebesse e você ainda estava ali, de pé, olhando para mim.
Acharam-se palavras na sua boca, mas elas não eram de conforto.
Esvaeci e voei pelo espaço procurando entrar nas ondas sonoras das tuas cordas vocais...
E a tua palavra passou a ser objeto da minha veneração. Alimento necessário, energia a ser percorrida pelas minhas entranhas.
Morri de fome, morri pagão.
Vulto mendicante de atenção, doente, em uma introspecção infundada sobre as razões dessa minha necessidade desesperadora de ouvir o som que a tua boca emite.
Em especial quando me enlaça, me amarra e me estupra com seu olhar que diz tudo, mas não diz nada.
E isso ficou dentro de mim tal qual uma fogueira em brasas, impossível de conter, impossível de apagar, queimando e queimando e tornando tudo o que parece tão sólido e inquebrável em eternas cinzas jogadas ao vento.